Terapia Cognitivo Comportamental

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Entre as décadas de 60 e 70, o professor Aaron T. Beck deu início a uma revolução no campo da saúde mental. Atuava na psicanálise e tinha formação completa nessa área, entretanto, com um espírito cientista, ele acreditava que para a psicanálise ser aceita na comunidade científica, seus pressupostos e teorias precisariam de validação empírica. Dedicou-se a uma série de experimentos, estudos e observações clínicas, convicto de que esses validariam as teorias psicanalíticas.

Como psicanalista e pesquisador, a intenção inicial de Aaron T. Beck foi estudar o principal processo psicológico que estaria envolvido nos transtornos depressivos, sua hipótese inicial era de que a "raiva internalizada" seria o principal processo dos transtornos depressivos e os sonhos foi o objeto de estudo para validação dessa hipótese (Pereira e Rangé, 2011). Os resultados de suas pesquisas levaram-no a busca de outras explicações acerca da depressão. Ele identificou cognições negativas e distorcidas (pensamentos e crenças) como característica principal da depressão e então, desenvolveu um tratamento de breve duração no qual buscava testar a realidade do pensamento depressivo do paciente. (BECK, 2013)

No início, Aaron T. Beck decidiu testar sua hipótese de que a depressão seria resultado de uma hostilidade voltada contra si mesmo. Investigou os sonhos dos pacientes deprimidos, os quais, segundo sua previsão, seriam manifestados mais temas de hostilidade do que os sonhos dos pacientes de controles normais.

Nesse experimento, Aaron T. Beck observou que os sonhos dos pacientes deprimidos estavam mais relacionados a fracasso, privação e perda do que hostilidade voltada contra si mesmo, identificou também que os temas dos mesmos eram idênticos aos pensamentos destes quando se encontravam acordados. Após esse resultado, Aaron Beck, então, rejeita a ideia de que a necessidade de sofrer seria o principal elemento psicológico da depressão e conclui ao final de sua pesquisa que "certos padrões cognitivos poderiam ser responsáveis pela tendência do paciente a fazer julgamentos com um viés negativo de si mesmo, de seu ambiente e do futuro que" (Pereira e Rangé, p. 20). Começa, aí, a desenvolver um método que explicaria melhor a depressão. (BECK, 2013)

Aaron Beck, ao ouvir seus pacientes no divã, percebia que algumas vezes eles relatavam duas vertentes de pensamentos: uma de livre associação e outra de pensamentos rápidos de qualificações sobre si mesmos e ao questionar seus pacientes deprimidos, percebeu que todos tinham pensamentos "automáticos" negativos e que essa segunda forma de pensar estava relacionada às suas emoções. A partir disso, começou a ensinar seus pacientes a identificar, avaliar e responder aos pensamentos irrealistas e disfuncionais, no aqui e agora, e apontando para seus pacientes a relação entre distorções cognitivas e o estado depressivo deles. Então, percebeu uma melhora significativa no humor e comportamento desses indivíduos. (BECK, 2013)

Aaron T. Beck ensinou seus residentes psiquiátricos na University of Pennsylvania a usar essa nova forma de tratamento, e estes percebeu que seus pacientes apresentavam melhora. A. John Rush, médico psiquiatra e residente chefe, uma grande autoridade no campo da depressão, discutiu a possibilidade de conduzir uma pesquisa científica junto a Aaron T. Beck para demonstrar aos outros a eficácia da terapia cognitiva. A pesquisa conduzida por ambos foi publicada em 1977, e constatou que a terapia cognitiva era tão efetiva quanto um antidepressivo comum. Esse estudo foi importante, pois foi a primeira vez que uma "terapia da palavra" havia sido comparada a uma medicação. Após dois anos, Beck, Rush, Shaw e Emery (1979) publicaram o primeiro manual de terapia cognitiva. (BECK, 2013)

A Terapia Cognitiva de Aaron Beck, atualmente é conhecida por Terapia cognitivo comportamental - TCC, por agregar técnicas comportamentais à perspectiva cognitivista. Aaron T. Beck e outros pesquisadores por todo o mundo continuam a estudar, teorizar, adaptar e testar tratamentos para pacientes que sofrem de uma variedade de transtornos e problemas.

Segundo Callegaro (2011), Aaron T. Beck, influenciado pelas teorias de Albert Ellis (1962) que estabeleceu "a visão de que construções cognitivas, como pensamentos irracionais e negativos, enfatizou que estes seriam a base dos transtornos psicológicos" (PEREIRA e RANGÉ, p.20) e desenvolveu conceitos importantes sobre o tratamento de pacientes suicidas, criando escalas para avaliar a depressão, a ansiedade, a ideação suicida, a intenção suicida e a desesperança. O modelo cognitivo, desde então, é aplicado a uma variedade de transtornos psicológicos como depressão, ansiedade, transtornos alimentares e etc. A terapia cognitiva, ou terapia cognitivo comportamental desenvolvida por Aaron T. Beck é ensinada agora na maioria das faculdades nos Estados Unidos e em outros países. (BECK, 2013)

A terapia cognitiv0-comportamental está baseada no modelo cognitivo e este tem como pressuposto de que as emoções, as respostas, e as reações fisiológicas de uma pessoa são determinadas pela percepção que ela faz dos eventos no ambiente em que estão inseridas. A terapia cognitiva- comportamental é um termo genérico que incorpora uma variedade de mais de 20 abordagens dentro do modelo cognitivo. (KNAPP, 2004)

Para o desenvolvimento deste trabalho, usaremos o modelo cognitivo proposto por Aaron T. Beck como referência.

O MODELO COGNITIVO E OS CONCEITOS DA TCC

O modelo terapêutico criado por Aaron Beck enfatiza que as emoções humanas têm como base o pensamento, a atividade constante da mente gerando raciocínios, afetos e comportamentos que permitem que o indivíduo tenha uma maior ou menor percepção da realidade.

A terapia cognitivo comportamental está baseada no modelo cognitivo que tem como pressuposto a ideia de que as emoções, as respostas e as reações fisiológicas de uma pessoa são determinadas pelas interpretações que ela faz de determinado evento. Não é a situação (ambiente/evento/contexto) que determina o que a pessoa sente ou o que fazem, mas como ela interpreta tal evento. Uma mesma situação produz distintas reações em diferentes pessoas, e uma mesma pessoa pode ter reações distintas a uma mesma situação em diferentes momentos da sua vida. (BECK, 2013; PEREIRA E RANGÉ, 2011).

De acordo com Dobson (2001), todas as terapias cognitivas- comportamentais derivam do modelo cognitivo e entre elas, se compartilham alguns pressupostos básicos:

  • A atividade cognitiva influencia o comportamento
  • A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada
  • Mudanças na cognição determinam mudanças no comportamento

A TCC, criada e desenvolvida por Aaron Beck, caracteriza-se por ser uma abordagem psicoterapêutica estruturada, de participação ativa entre terapeuta e cliente e voltada para o presente, em que se exploram suas crenças e suas implicações, examinando e modificando as crenças disfuncionais. (BECK, 2013).

Pode-se dizer que não se trata de um modelo linear em que "as situações ativam pensamentos, que geram uma consequência com resposta emocional, comportamental e física". (KNAPP, 2004, p. 20). O autor lembra que há uma interação recíproca de pensamentos, sentimentos, comportamentos, fisiologia e ambiente. Dessa forma, a mudança em qualquer um desses componentes, pode iniciar modificações nos demais.

De acordo com o modelo cognitivo, é possível identificar três níveis de cognição: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças centrais ou nucleares. Estes conceitos serão descritos a seguir:

  • Pensamentos Automáticos

Os pensamentos automáticos são o nível de cognição mais superficial na terapia cognitiva, são espontâneos, repetitivos e sem questionamento em relação a sua veracidade, tais tipos de pensamentos são carregados de fortes emoções negativas, constantemente aparece nas mais situações cotidianas. Na maior parte do tempo, quase não temos consciência deles, pois acontece de forma rápida, involuntária e automática. Pensamentos automáticos são exagerados, distorcidos e equivocados, disfuncionais têm um papel importante na psicopatologia, pois modelam as emoções e ações do individuo em resposta aos eventos da vida. Entretanto podem ser facilmente identificados com o treino na terapia cognitivo comportamental, usando as devidas ferramentas para a avaliação desses pensamentos de forma consciente e estruturada. (BECK, 2013; KNAPP, 2004; PEREIRA E RANGÉ, 2011).

  • Crenças Intermediárias

As crenças intermediárias são o segundo nível de pensamento no modelo teórico criado por Beck. São regras e pressupostos criados pelo individuo para que ele possa conviver com seus dogmas subjetivos. Essas ideias funcionam como um mecanismo de sobrevivência que o ajuda a lidar com a ativação extremamente dolorosa de suas crenças nucleares. As crenças intermediárias ou condicionais são ideias também arraigadas, entretanto, mais flexíveis e modificáveis do que as crenças centrais possuem estruturas condicionais do tipo "Se..., então..." São crenças, pressupostos, regras e atitudes que são produzidas consequentemente em relação ao conteúdo das crenças nucleares. (BECK, 2013).

  • Crenças Nucleares ou Centrais

As crenças nucleares são ideias mais centrais que a pessoa tem sobre si mesma. As pessoas desenvolvem tais tipos de crenças ainda nas experiências infantis, com sua predisposição genética a determinados traços de personalidade, interagem com pessoas importantes vivenciando uma serie de situações, algumas pessoas conseguem na maior parte das suas vidas manterem uma crença nuclear positiva e realista, entretanto durante algum momento de sofrimento na vida, as crenças nucleares negativas podem ser ativadas. No modelo cognitivo, as crenças nucleares são identificadas em afirmações como, por exemplo, "sou um fracassado", "sou um incapaz" e são caracterizadas por verdades absolutas que são aceitas pelo sujeito sem questionamento. As crenças nesse nível tem uma forma absoluta, negativa, rígida e inflexível sobre o que o individuo pensa sobre si, tais crenças são mais difíceis de ser acessadas pelo individuo. (BECK, 2013).

Hofmann (2014) ressalta que há uma compreensão errada de que a TCC substitui pensamento negativo por pensamento positivo e então todos os problemas psicológicos estão resolvidos como mágica. Para o referido autor, essa ideia é incorreta em vários aspectos. A terapia cognitiva não transforma uma situação má em boa, a terapia cognitiva não encoraja o paciente e pensar de forma positiva sobre eventos realisticamente aflitivos ou ignorar uma tragédia ocorrida.

Ao contrário disso, o terapeuta ensina o paciente a examinar de forma crítica se sua reação relacionada a alguma determinada situação é adequada/realista, e com a prática constante, o paciente aprende a modificar sua perspectiva, passando de vítima passiva de seus problemas para um observador ativo de seus pensamentos e condutas, tal processo é orientado por várias formas de automonitoramento. Cognições mal- adaptativas levam facilmente a distorção da realidade, pois causam percepções errôneas ou exagero de uma situação. A seguir veremos alguns tipos de distorções de pensamento que podem ser automonitoradas.

Pensamento em preto e branco (dicotômico): Esse pensamento divide a realidade em duas categorias diferentes. Tudo é visto como bom ou ruim.

Personalização: Eventos negativos são levados para o lado pessoal

Concentração nos aspectos negativos: O indivíduo se concentra em um único detalhe negativo e ignora todos os aspectos positivos de uma situação.

Desqualificação dos aspectos positivos: O indivíduo menospreza os aspectos positivo da situação, muito presente no transtorno de ansiedade social.

Conclusões precipitadas: O indivíduo desenvolve uma percepção negativa do evento, mesmo quando não há evidências que justifiquem.

Supergeneralização: O indivíduo encara um único evento negativo como um padrão permanente.

Catastrofização: É quando o indivíduo atribui consequências desproporcionais a um evento.

Raciocínio emocional: Essa distorção cognitiva é particularmente interessante para compreender por que os pensamentos disfuncionais e os transtornos mentais são persistentes e resistentes à mudança. Essa distorção acontece quando o indivíduo interpreta uma reação emocional como evidência da realidade acerca de um evento, ou seja, que sentimentos são fatos.

Beck (2013) apresenta de forma didática os princípios que norteiam a TCC. 

PRINCÍPIOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Beck (2013) afirma que mesmo que a terapia deva se adequar a singularidade de cada pessoa, existe determinados princípios na terapia cognitiva comportamental que precisam ser seguidos por todos os pacientes.

Os princípios básicos da terapia cognitivo comportamental são os seguintes:

Principio nº 1. A terapia cognitivo comportamental está baseada em uma formulação em desenvolvimento continuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos.

De início identifica-se a relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos depois se identificam os fatores precipitantes que influenciam a percepção do paciente e por último levantam-se hipóteses a respeito dos eventos-chaves (situações/eventos) junto aos padrões de interpretação desses eventos que podem ter predisposto o paciente a uma psicopatologia ou transtorno.

Princípio nº 2. A terapia cognitivo comportamental requer uma aliança terapêutica sólida.

Muitos pacientes com transtornos psicológicos encontram dificuldade em começar o tratamento e confiar no terapeuta no início de uma psicoterapia. É preciso que o terapeuta tenha interesse genuíno na relação terapêutica demonstrando afeto, empatia, atenção e competência.

Princípio nº3. A terapia cognitivo comportamental enfatiza a colaboração e a participação ativa.

O terapeuta e paciente trabalham em conjunto decidindo o que fazer em cada sessão, a frequência, a agenda, os exercícios entre as sessões, desenvolvendo hipóteses sobre o valor de uma série de cognições e comportamentos. No início o terapeuta é mais ativo sugerindo a direção das sessões, mas a medida que o paciente se familiariza com o tratamento, este tende a ser mais ativo nas sessões e também sugerir alternativas e propostas, e assim transformando o processo terapêutico mais colaborativo no desenvolvimento de um estilo mais saudável de pensamento e de habilidades de enfretamento de padrões disfuncionais de comportamento/resposta.

Princípio nº 4. A terapia cognitivo comportamental é orientada para os objetivos e focada nos problemas.

Na primeira sessão, o paciente enumera seus problemas atuais e estabelece objetivos específicos com a ajuda do terapeuta.

Principio nº 5. A terapia cognitivo comportamental enfatiza inicialmente o presente.

O tratamento da maioria dos pacientes abrange um foco intensivo nos problemas atuais e em situações específicas que são angustiantes pra eles. Independente do diagnóstico, a terapia começa por um exame dos seus problemas atuais. O foco da terapia demanda atenção ao passado apenas em duas situações. A primeira, quando o paciente faz questão em falar sobre o passado e que a relação terapêutica não seja colocada em risco. A segunda, quando o paciente fica "emperrado" em seu pensamento disfuncional, e trabalhar tais pensamentos do passado faça modificar suas crenças rígidas

Princípio nº 6. A terapia cognitivo comportamental é educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída.

O terapeuta educa o paciente a respeito do transtorno ou problema que esse trás para a sessão e também o familiariza com o modelo cognitivo e sobre o processo psicoterapêutico. O terapeuta ensina o paciente a definir objetivos, identificar e avaliar pensamentos e crenças e a planejar a mudança comportamental.

Princípio nº 7. A terapia cognitivo comportamental é limitada no tempo.

Alguns pacientes com depressão e transtorno de ansiedade são tratados entre 06 e 14 sessões. O objetivo do terapeuta é promover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão do transtorno, ajudar o paciente a resolver os seus problemas mais urgentes e ensinar novas habilidades. Entretanto, nem todos os pacientes conseguem progresso em poucos meses, alguns precisam de um tempo mais longo para modificação de crenças disfuncionais muito rígidas e padrões de comportamento para o seu sofrimento crônico.

Princípio nº 8. As sessões de terapia cognitivo comportamental são estruturadas.

Para Beck (2013), seguir uma determinada estrutura em cada sessão maximiza a eficiência e a eficácia. A estrutura da sessão inclui uma parte introdutória (verificação de humor, examinar rapidamente a semana, definir conjuntamente uma pauta para a sessão), uma parte intermediária (examinar o exercício de casa, discutir os problemas da agenda, definir exercício de casa, fazer resumos) e uma parte final (solicitar um feedback objetivando saber o que foi interessante para o paciente ou não e assim, estruturar melhor a sessão posteriormente). Seguir esse formato nas sessões faz com que a terapia tenha um melhor resultado e foco no processo terapêutico.

Princípio nº 9. A terapia cognitivo comportamental ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.

O terapeuta ajuda o paciente a identificar as principais cognições e a adotar perspectivas mais realistas e adaptativas, levando o paciente a se sentir melhor emocionalmente, se comportar mais funcionalmente e diminuir seu sofrimento psicológico. Isso é feito por meio da descoberta guiada, usando o questionamento socrático para avaliar o pensamento. O terapeuta também cria experimentos comportamentais, para que o paciente teste diretamente seu pensamento tenha a possibilidade de perceber algumas situações por outra perspectiva. Assim, o terapeuta se engaja no empirismo colaborativo testando e avaliando junto ao paciente os pensamentos disfuncionais (ou não) visando desenvolver respostas e pensamentos mais úteis e adequados.

Princípio nº 10. A terapia cognitivo comportamental usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.

Ainda que estratégias cognitivas sejam centrais para a TCC. As técnicas comportamentais e de solução de problemas são essenciais, assim como as técnicas de outras orientações que são realizadas dentro de uma estrutura cognitiva. Para Clark e Beck (2012), o terapeuta deve comunicar ao paciente que uma das formas mais efetivas de mudar o pensamento disfuncional, é por meio da experiência direta com situações aflitivas, ou seja, o terapeuta cognitivo comportamental sempre utiliza uma intervenção comportamental como um meio para alcançar a mudança cognitiva. Para Wright, Basco e Thase (2008), a relação entre cognição e comportamento é uma via de mão dupla e a maioria das técnicas comportamentais visam: romper padrões de evitação ou desesperança, enfrentamento gradativo de situações temidas, desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e reduzir emoções dolorosas ou excitação autonômica.

A prática da TCC inclui diversas técnicas cognitivas e comportamentais de extrema relevância para a reestruturação cognitiva e desenvolvimento de um repertório comportamental mais funcional no paciente, que serão descritas abaixo.

TÉCNICAS DA TCC

  • Registro de pensamentos disfuncionais

A maior parte do trabalho de identificar, examinar e modificar cognições utiliza o RPD (registro de pensamento disfuncional), originalmente formulado por Aaron T. Beck e modificado por Judith Beck. As técnicas seguintes são incluídas na elaboração do RPD, também podem ser feitas separadamente.

  • Identificação de emoções

O paciente monitora as emoções que estão vinculadas aos seus pensamentos. Por exemplo, o paciente monitora o que está pensando quando o seu humor muda ou se sente pior. Avaliação do grau de emoção associada com o pensamento. Após identificar pensamentos que estão associados com cada sentimento negativo (raiva, tristeza, frustração, e etc.), paciente avalia (de 0 a 10) quanto daquele sentimento sente e quanto acredita nesse pensamento.

  • Definição de termos (análise semântica)

O terapeuta não deve concluir que sabe o exato significado do que o paciente diz de fato alguns dos insights mais importantes que pacientes e terapeutas tem, segundo Knapp (2004), são extraídos pelo exame da interpretação e do significado que o paciente faz do evento. Cada pessoa tem um modo particular de fazer julgamentos, categorizar e rotular os acontecimentos. Ao estabelecerem-se os limites de cada termo, retirando os rótulos impostos, o paciente pode ver seus comportamentos como geradores de problemas e não como atributos da personalidade.

  • Modificação de atenção e de situação

De acordo com Hofmann (2014), uma resposta a um evento ou uma situação deve ser enfrentada ao se modificar o evento ou a situação responsável pela aflição. Também é possível concentrar-se nos aspectos menos aflitivos e uma situação e focar nos aspectos agradáveis e gratificantes, e assim perceber positivamente uma situação e mudar a experiência geral desta.

  • Role-Play

De acordo com Beck (2013), o role- play, ou dramatização é uma técnica que pode ser usada para uma para variados objetivos. A dramatização é útil para evocar pensamentos automáticos, desenvolver respostas adaptativas e modificar crenças intermediárias e nucleares. A dramatização ou "role-play" é útil para a prática de habilidades sociais. Alguns pacientes apresentam poucas habilidades sociais de modo geral, ou são melhores no seu estilo próprio de comunicação, contudo numa situação real, não conseguem adaptar seu estilo de acordo com o exigido, por exemplo, em um evento social real.

  • Técnica da torta

Essa técnica é útil aos pacientes que tem dificuldades em especificar seus problemas e as mudanças que gostaria de fazer na sua vida, ou quando não fazem ideia do desequilíbrio existente na sua vida. Por meio da representação de um gráfico em torta, torna-se mais fácil visualizar a vida atual e comparar com objetivos e mudanças que o paciente visa fazer para melhorar a qualidade de vida, ou mudanças especificas que visem essa.

  • Questionamento Socrático

O estilo de questionamento usado na TCC baseia- se em uma relação empírica colaborativa e tem o objetivo de ajudar os pacientes a reconhecerem e modificarem o pensamento disfuncional. O questionamento socrático consiste em fazer perguntas aos pacientes que estimulem a curiosidade e o desejo de investigar. Uma forma especial de questionamento socrático é a descoberta guiada, por meio da qual o terapeuta faz uma série de perguntas indutivas para revelar padrões disfuncionais de pensamento ou comportamento. (WRIGHT, BASCO E THASE, 2008)

  • Descoberta guiada

A descoberta guiada é uma técnica mais frequentemente usada para identificação de pensamentos automáticos durante a sessão de terapia. Os autores acima enumeram algumas especificidades para que a descoberta guiada tenha êxito. Estes sugerem que se faça questionamentos que estimulem a emoção. Beck (2013) ensina que, ao perceber uma emoção diferente, o terapeuta pergunte ao cliente imediatamente: "O que se passa em sua cabeça", segundo a autora, é uma forma de se aproximar dos pensamentos automáticos. O questionamento para descobrir pensamentos automáticos é quase sempre melhor se focado e específico. Quanto maior o foco em eventos presentes, maior a possibilidade de trabalhar melhor com pensamentos automáticos. Os autores citados acima sugere que o terapeuta mantenha-se em uma linha de questionamento e tópico evitando pular de tópicos, e que vá fundo no mesmo tópico e mantenha a habilidade de empatia enquanto aprofunda no assunto.

  • Exposição

Pacientes deprimidos e ansiosos geralmente utilizam a esquiva como estratégia de "enfrentamento", eles se sentem sem esperança para participar de certas atividades, temerosos ou mais sutis como, por exemplo, socialmente ansiosos que evitam contato visual, sorrir para os outros ou conversar e dar opiniões. De acordo com Salkovskis (1996) apud Beck (2013) a esquiva é um comportamento de segurança que o paciente faz com intuito de afastar a ansiedade. Entretanto, ao mesmo tempo em que a esquiva trás um alívio imediato, também é reforçada, fazendo com que perpetue um ciclo disfuncional. Dessa forma, o paciente não tem a chance de testar e avaliar a funcionalidade dos seus pensamentos automáticos.

Na exposição o terapeuta vai ajudar o paciente a identificar uma atividade ou situação que esteja associada a um baixo ou moderado desconforto e decidir juntos a possibilidade do paciente se envolver gradualmente na exposição, até que sua ansiedade diminua significativamente, após essa exposição, identificar outras situações aflitivas e incentivar a exposição novamente, até que o paciente consiga fazer facilmente determinada tarefa. Beck (2013) afirma que o paciente terá maior probabilidade de enfrentar outras situações seguindo uma hierarquia de exposição gradual e com auxílio do monitoramento de um registro de valores mensurados (de 0 a 100) do nível de ansiedade previsto antes da exposição e o nível de ansiedade real após a exposição.

  • Reestruturação cognitiva

Uma grande parte da terapia cognitivo comportamental tem como objetivo ajudar o paciente a reconhecer e modificar esquemas, crenças e pensamentos automáticos desadaptativos. O método mais frequente é o questionamento socrático, descrito acima. A estratégia geral da reestruturação cognitiva é identificar pensamentos automáticos e crenças nas sessões de terapia, ensinar habilidades para avaliar cognições (pensamentos) e depois fazer os pacientes realizar uma série de exercícios entre as sessões planejadas (sempre colaborativamente) para expandir aprendizados da terapia as situações do mundo real.


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