É preciso desacelerar!

De acordo com Leahy (2011), vivemos na era da ansiedade e dentro de poucos anos muitas pessoas sofrerão um transtorno de ansiedade. A verdade é que a ansiedade é algo sério e muitas pessoas sofrem o impacto desta em suas vidas. Indivíduos com transtorno de ansiedade se descobrem incapaz de trabalhar adequadamente, ter uma vida social saudável ou ter relações estáveis. 


Uma pessoa com transtorno de ansiedade faz esforços imensuráveis somente para evitar pessoas, locais ou atividades, dirigir carro ou andar de avião e entrar em elevadores. Podem não conseguir enfrentar multidões, participar de reuniões sociais, estar em espaços abertos, alguns não conseguem dormir bem. Parece uma bobagem não? Mas imagine a seguinte cena: Um indivíduo com medo de entrar no elevador acabou de conseguir um emprego que mudará sua vida, entretanto para chegar ao seu local de trabalho, este indivíduo precisa entrar no elevador. Imagine um indivíduo que perde a hora no trabalho porque tem que voltar 20 vezes e conferir se o botijão de gás ficou ligado. Desta forma, é que ansiedade passa a ser patológica. Quando interfere significativamente na vida do sujeito, mas os problemas não param por aqui. Quem sofre de transtorno de ansiedade tem uma tendência a se tornar deprimido, tem uma maior tendência a fazer uso de substâncias, como o àlcool ou drogas ou ainda compra compulsivas. 

O transtorno de ansiedade não afeta somente os adultos, ele também afeta crianças e adolescentes causando grandes impactos em seu desenvolvimento. Os transtornos de ansiedade em crianças e jovens são comuns e também causam um efeito significativo no funcionamento diário, interferindo na capacidade de aprendizagem, no desenvolvimento de atividades e nas relações familiares. Alguns transtornos de ansiedade são persistentes, e quando não tratados, aumentam a probabilidade de problemas na vida adulta. A ansiedade é uma resposta desenvolvida para facilitar a autoproteção, com o foco particular do medo e da preocupação variando de acordo com cada indivíduo e suas experiências anteriores. (Stallard, 2010)

Dessa forma, a ansiedade é um sistema de resposta cognitiva, afetiva, fisiológica e comportamental complexo (isto é, modo de ameaça) que é ativado quando eventos ou circunstâncias antecipadas são consideradas altamente aversivas porque são percebidas como eventos imprevisíveis, incontroláveis que poderiam potencialmente ameaçar os interesses vitais de um indivíduo. (Clark e Beck, 2012, p.17)

Nós somos afetados pela ansiedade quando começamos e viver em "modo de ameaça" com medo de algo e com sentimento de desconforto constantemente. A presença de um transtorno de ansiedade ou mesmo sintomas ansiosos está associada a uma redução na qualidade de vida, bem como social quanto ocupacional. Alguns indivíduos tem o dia de trabalhos perdidos, outros tem problemas conjugais, visitas a profissionais de saúde mental, insônia e etc. 

Alguns aspectos comuns da ansiedade:

Sintomas fisiológicos: Aumento da frequência cardíaca, palpitações, falta de ar, sensação de sufocação, tontura, náusea, diarreia, tensão muscular, rigidez, etc.

Sintomas cognitivos: Medo de perder o controle, medo de ferimento físico ou morte, medo de "ficar louco", medo da avaliação negativas dos outros, estreitamento da atenção, perda de objetividade, etc.

Sintomas comportamentais: Esquiva, fuga, busca de segurança, inquietação, agitação, dificuldade para falar, congelamento, imobilidade, etc.

Sintomas afetivos: Nervoso, tenso, excitado, assustado, temeroso, aterrorizado, impaciente, frustrado, etc.


A ansiedade está aumentando! Por quê?

Por que esse aumento? Não estamos melhor que no passado? As pessoas não vivem mais tempo e recebem mais tratamentos médicos do que antes? Muitos riscos de vida não foram eliminados ou drasticamente reduzidos? (...) Nossas casas não são maiores e mais confortáveis? Repletas de aparelhos que facilitam nossa vida e nos livram de trabalhos mais duros e perigosos? Poucas pessoas precisam de fato sair durante uma tempestade de neve, atravessar um rio ou ir a floresta para buscar alimento ou madeira para usar como combústivel." (Leahy, 2008, p.13)

Aparentemente há outros fatores, além de conforto material e da segurança. Um deles parece ser o nível de conexão social que experimentamos em nossa vida. Ao longo do último século, os laços sociais passaram a ser menos estáveis e previsíveis. O divórcio é muito mais comum, e as famílias estão mais divididas e mais longe umas das outras. Existem atualmente famílias estendidas em que pessoas de um mesmo grupo familiar vivem juntas ou perto umas das outras, hoje é algo difícil de se ver. Comunidades econômicas se dispersaram devido a mobilidade econômica, pelas estradas e automóveis. Locais de compras estão cada vez mais distantes. Cada vez mais pessoas vivem sozinhas. (Leahy, 2008, p.13)

O que mais amedronta é a ubiquidade dos medos; eles podem vazar de qualquer canto ou fresta de nossos lares e de nosso planeta. De ruas escuras ou das telas luminosas dos televisores. De nossos quartos e de nossas cozinhas. De nossos locais de trabalho e do metrô que tomamos para ir para voltar. De pessoas que encontramos e de pessoas que não conseguimos perceber. De algo que ingerimos e de algo com o qual nossos corpos entraram em contato. Do que chamamos "natureza" (pronta, como dificilmente antes em nossa memória, a devastar nossos lares e empregos e ameaçando destruir nossos corpos com a proliferação de terremotos, inundações, furacões, deslizamentos, secas e ondas de calor) ou de outras pessoas (prontas como dificilmente antes em nossa memória, a devastar lares e empregos e ameaçando destruir nossos corpos com a súbita abundância de atrocidades terroristas, crimes violentos, agressões sexuais, comida envenenada, água e ar poluídos)." (Bauman, 2008, p. 11)

Todos esses fatores contribuem para o sentimento de que a vida não é mais tão segura quanto já foi. O "apoio da tribo", não está mais disponível como antes. O mundo está individualizado e a ideia de conexão própria da globalização é uma crença que internalizamos vivendo nesta cultura. Tais mudanças influenciou na maneira como pensamos e vivemos nossas vidas. Pensamos como "deveria ser" a maioria do tempo e vivemos consumimos coisas para nos sentir "conectados" com a cultura e modo atual de viver.

Estamos em melhor condição material do que nossos pais e avôs, mas sempre queremos mais. Esse sentimento é reforçado por uma infinidade de anúncios na TV e em revistas que funcionam como um manual diário do que é certo, do que é bom, do que é saboroso, do que é bonito. Esse consumo desenfreado nos faz sentir menos contentes, perguntamos a nós mesmos se fizermos escolhas corretas. Os nossos padrões de beleza, expectativas de sucesso e nossa demanda por uma felicidade contínua e incansável nos torna insatisfeitos em um mundo cada vez mais líquido sem garantias ou certezas absolutas! (Bauman, 2008, p. 11)


Pensar bem, faz bem! 

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