É preciso falar sobre!

Falar para prevenir! 

Setembro é mês da campanha de prevenção e falar sobre é a melhor prevenção. 

A campanha setembro amarelo teve início em 2014, quando foi realizada apenas em Brasília, nos últimos anos as ações se espalharam pelo território nacional. O dia 10 de setembro é lembrado como o dia Mundial de Prevenção do Suicídio e como é um assunto extenso, a página Cognitude trouxe algumas informações importantes para ajudar a combater e prevenir esse problema.

A cada 45 segundos ocorre um suicídio em algum lugar do planeta. Há um contingente de 1.920 pessoas que põem fim à vida diariamente. Atualmente, essa cifra supera, ao final de um ano, a soma de todas as mortes causadas por homicídios, acidentes de transporte, guerras e conflitos civis (Botega, 2014).

O suicídio figura entre as três principais causas de morte de pessoas que têm de 15 a 44 anos de idade. Segundo os registros da Organização Mundial de Saúde (OMS), ele é responsável anualmente por um milhão de óbitos (o que corresponde a 1,4% do total de mortes). Essas cifras NÃO incluem as tentativas de suicídio, de 10 a 20 vezes mais freqüente que o suicídio em si.

O suicídio é um comportamento auto-agressivo que leva a pessoa as unidades de emergência e ao ato final. De acordo com Crosby (2007), o suicídio é a morte causada por ferimentos auto-infligidos com qualquer intenção de morrer como resultado desse comportamento. A ideação suicida também é importante para a prevenção do suicido, visto que por meio das ideações suicidas, conseguimos perceber alguns sinais como verbalizações e comportamentos emitidos por algum "pensamento suicida". A intenção suicida é um comportamento NÃO FATAL auto-agressivo potencialmente danoso com qualquer intenção de morrer como resultado. (Wenzel, Brock, Beck, 2010).

Os homens morrem mais por suicídio do que as mulheres, talvez por que os homens têm maior probabilidade do que as mulheres para usar meios letais. Alguns estudos concluem que as mulheres fazem mais tentativas, contudo tem a menor probabilidade em finalizar o ato. Papéis masculinos tendem a estar associados a maiores níveis de força, independência e comportamentos de risco, ou seja, machismo, masculinidade tóxica e também precisamos falar sobre isso num outro tópico. O reforço a esse papel de gênero muitas vezes impede os homens de procurar ajuda para os sentimentos suicidas e depressivos. (e + masculinidade tóxica).

Nos homens, a solidão e o isolamento social são os principais fatores associados, os homens, por natureza, e reforço cultural e também devido ao medo de ser rejeitado, por exemplo, numa roda de amigos não se sentem confortáveis para falar da morte, ou sentimentos acerca da morte, pois isso expõe seus limites e suas fraquezas. Mulheres se suicidam menos porque têm redes sociais de proteção mais fortes e se engajam mais facilmente do que os homens em atividades comunitárias

O tabu também se sustenta porque muitos vêem o suicida como um fracassado. Dificultando assim, a prevenção sobre o assunto. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são pontos importantes.

Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande "pecado", talvez o pior deles. Por isso, ainda há uma dificuldade em falar sobre esse assunto, temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública. É preciso falar! E isso é só a ponta do Iceberg. É preciso falar sobre o suicídio e quebrar os tabus existentes acerca desse tema e pensamentos sobre suicídio. Dessa forma, conseguiremos fazer uma prevenção efetiva e o número estimado de que 90% dos casos possam ser evitados só será possível ao ultrapassarmos as barreiras impostas pelos tabus e estigmas.

.


Estima-se que as tentativas de suicídio superem o número de suicídios em pelo menos dez vezes. Não há, entretanto, em nenhum país, um registro de abrangência nacional dessas tentativas. O que temos, em relação ao Brasil, deriva de um estudo realizado sob o auspício da OMS, na área urbana do município de Campinas, em 2003. Nesse estudo, a partir de listagens de domicílios feitas pelo IBGE, 515 pessoas foram sorteadas e entrevistadas face-a-face por pesquisadores da Unicamp. Apurou-se que, ao longo da vida, 17,1% das pessoas "pensaram seriamente em por fim à vida", 4,8% chegaram a elaborar um plano para tanto, e 2,8% efetivamente tentaram o suicídio. De cada três pessoas que tentaram se suicidar, apenas uma foi, logo depois, atendida em um pronto-socorro. Esses dados conformam uma espécie de iceberg, pois apenas uma pequena proporção do chamado "comportamento suicida" chega a nosso conhecimento, após o registro de atendimento em um serviço de saúde". (Botega, 2014, p.233) 

Fique atento quando parente, vizinho, colega de trabalho apresentar:

  • Histórico de múltiplas tentativas de suicídio; não acredite no boato de quem tentou se matar algumas vezes e não conseguiu, não o fará. Na verdade, quanto mais tentativas, maior a probabilidade de finalização do ato. Uma tentativa de suicídio é o principal fator de risco para sua futura concretização. Após uma tentativa, estima-se que o risco de suicídio aumente em pelo menos cem vezes em relação aos índices presentes na população geral (Owens, Horrocks, & House, 2002).
  • Antecipar ou verbalizar que vai morrer jovem e afirmar não ter medo da morte
  • Se envolver em comportamentos de risco e autodestrutivos que sejam considerados compatíveis com o desejo suicida. Ex: Dirigir alcoolizado com maior frequência.

É preciso estar atento aos seguintes sinais: 

  • Desesperança
  • Ira, raiva, busca de vingança
  • Ação inconsequente ou engajamento em atividades arriscadas, APARENTEMENTE SEM PENSAR
  • Sentimento de aprisionamento
  • Crescente uso de álcool e drogas
  • Afastamento de amigos, família ou sociedade
  • Ansiedade, agitação, dificuldade pra dormir, dormir o tempo todo
  • Mudanças dramáticas de humor
  • Nenhum motivo pra viver ou nenhum senso de propósito de vida

(Rudd, Berman et al., 2006, p. 259)

Alguns sinais precisam de intervenção imediata como, por exemplo:

  • Ameaçar ferir ou matar a si mesmo.
  • Procurar formas de matar a si mesmo (como pílulas, arma de fogo, facas e outros objetos cortantes ou perfurantes e ainda cordas)
  • Falar ou escrever sobre morte com maior freqüência do que o habitual.

Em 2010, foram mensurados fatores de risco em pessoas que cometeram suicídio. Os eventos mais comuns relatados nesse estudo foram:

28% relacionados ao trabalho

23% conflitos familiares

22% doenças físicas

18% dificuldades financeiras

16% desemprego

14% separação

13% morte de pessoa próxima

12% doença na família

Outros eventos incluíam: Encarceramento, soltura de prisão e ficar desabrigado.

Em contraste com o citado acima, alguns estudos identificou fatores de proteção e estão associados às taxas baixas de suicídio. Os fatores de proteção são menos estudados e geralmente são dados muito consistentes. Esses dados incluem:

- autoestima elevada;

- bom suporte familiar;

- laços sociais bem estabelecidos com família e amigos;

- religiosidade independente da afiliação religiosa

- razão para viver;

- ausência de doença mental;

- estar empregado;

- ter crianças em casa;

- senso de responsabilidade com a família;

- gravidez desejada e planejada;

- capacidade de adaptação positiva;

- capacidade de resolução de problemas

-A participação em atividades religiosas diminui a probabilidade de indivíduos em tentar um ato suicida.

A atividade religiosa aqui, no caso, refere-se a uma fé individual, a singularidade do homem com Deus. Contudo algumas crenças sobre moral que giram acerca da morte e pós morte reforçam a ideia do ato suicida ser um pecado, contudo algumas religiões contribuem fortemente para um tabu, uma proibição em falar sobre suicídio. É preciso falar mais abertamente sem a utilização de conceito como pecado e outro vindo deste meio. O suicídio foi e continua sendo um tabu entre a maioria das pessoas. É um assunto proibido e que agride várias crenças religiosas.

Em relação à idade, o suicídio em jovens aumentou em todo o mundo nas últimas décadas e também no Brasil, representando a terceira principal causa de morte nessa faixa etária no país. Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem motivações complexas, incluindo humor depressivo, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de abuso físico e sexual na infância.

O suicídio também é elevado entre os idosos, devido a fatores como: perda de parentes, sobretudo do cônjuge; solidão; existência de enfermidades degenerativas e dolorosas; sensação de estar dando muito trabalho à família e ser um peso morto para os outros.

O suicídio é um fenômeno que acontece em toda a história da humanidade, em todas as culturas. É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultados de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais.

Dessa forma, deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a consequência final de todo um processo.

As tentativas de suicídio é o principal fator de risco para uma futura efetivação do prévio planejamento. Por isso, essas tentativas devem ser vistas com bastante seriedade, como um sinal de alerta a indicar a atuação de fenômenos complexos, como o suicídio. Dar especial atenção a uma pessoa que tentou se suicidar é uma das principais estratégias para se evitar um futuro suicídio.

Lutar contra esse tabu é de extrema importância para que possamos prevenir essa questão de saúde pública, e prevenimos falando abertamente sobre o suicídio e não com medo e vergonha. Há pessoas sofrendo por aí que não querem morrer, querem apenas se livrar de uma dor ou de uma dificuldade em determinado momento. E com estigmas, julgamentos e preconceitos torna-se difícil lutar contra e quebrar as barreiras desse tabu, olhe diferente para uma pessoa que já tentou suicídio, não julgue ou faça comentários depreciativos. Afinal, todos passam por fases extremamente complicadas na vida. Alguns suportam, outros não. Alguns têm apoio, outros não, alguns têm recursos internos, outros só não o descobriram ainda. Sejamos o laço nessa luta diária para que possamos reduzir as altas taxas desse problema.


Nenhum defeito anula seu valor como ser humano" 


Fontes: Suicídio: informando para prevenir / Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio. - Brasília: CFM/ABP, 2014.

BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 231-236, 2014. 

Wenzel, Brown, Beck. Terapia cognitivo comportamental para pacientes suicidas. Porto Alegre: Artmed, 2010.


"DEPRESSÃO NÃO É FRESCURA! 

Assista os vídeos abaixo e tente entender a vivência de uma pessoa que tem o diagnóstico da depressão! 


Se o desespero e o vazio da depressão pudessem se transformar em música, seria essa obra-prima genial acima. A depressão é a tristeza insuportável, e aqui, transformada em arte pela banda Silverchair. Procure um Psicólogo quando perceber que sua tristeza não passa, e a cada dia, se torna um fardo insuportável!

Agendamento online

Reserve com antecedência. Confirmaremos a sua reserva via e-mail.

CONVIDE UM HOMEM QUE VOCÊ QUER BEM PARA ACOMPANHAR O TCH 
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora